Um grupo de cientistas descobriu uma estranha mutação genética que
parece triplicar o risco de desenvolver Alzheimer e proporciona
importantes pistas sobre como funciona esta enfermidade, incurável até o
momento. Cientistas de duas equipes independentes chegaram ao mesmo
resultado, publicado na quarta-feira em dois estudos da revista médica
semanal New England Journal of Medicine. De acordo com as investigações,
uma mutação do gene TREM2, que ajuda a controlar as respostas do
sistema imunológico, é de três a quatro vezes mais frequente nos
pacientes idosos com Alzheimer que nos que não sofrem a doença.
A característica do Alzheimer é a acumulação de placas e emaranhados no
tecido cerebral. Nos corpos normais, sem a doença, as moléculas
inflamatórias do sistema imunológico ajudam a limpar esta acumulação
antes de ela se converter em um problema.
A função do gene TREM2 é manter a resposta inflamatória sob controle,
para evitar que as moléculas inflamatórias danifiquem o tecido saudável.
Contudo, a pesquisa preliminar indicou que a mutação do TREM2 poderia
pôr o gene para funcionar em pleno vapor, impedindo as moléculas
inflamatórias de fazer seu trabalho.
"Enquanto a mutação genética que encontramos é extremamente rara, seu
efeito no sistema imunológico é um forte indicador de que este sistema
pode ser chave na enfermidade", disse a pesquisadora da University
College de Londres Rita Guerrero, autora principal de um dos estudos.
A mutação foi encontrada em menos de uma em 200 pessoas no total e em
menos de um em cada 50 pacientes com Alzheimer, o que significa que não é
provável que, por si só, seja suficiente para causar a enfermidade.
Acredita-se que uma combinação de fatores ambientais e hereditários
contribuem para o desenvolvimento do Alzheimer. Contudo, os
pesquisadores disseram que identificar esta mutação e seu possível papel
no desenvolvimento do Alzheimer é um passo na direção correta.
"Este é um passo importante para descobrir as causas ocultas da
enfermidade, para que possamos desenvolver tratamentos e intervenções
para pôr fim a um dos maiores problemas de saúde do século XXI", disse
Peter St. George-Hyslop, da Universidade de Toronto.
Outro dos principais pesquisadores, Kevin Morgan da Universidade de
Nottinghan, disse que "o risco associado a esta nova variante é o maior
até o momento e anuncia uma nova era na pesquisa genética (do Mal de
Alzheimer)".
"Finalmente estamos começando a presenciar importantes avanços que, com
sorte, terão como resultado o desenvolvimento de terapias para ajudar a
aliviar esta condição devastadora", acrescentou. Os cientistas disseram
que, potencialmente, poderiam desenvolver novos medicamentos para
controlar o gene TREM2 e impedir que interfira excessivamente na
resposta inflamatória.
Um dos estudos foi realizado por uma equipe internacional de
pesquisadores com base na Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos,
utilizando uma base de dados de 25.000 pessoas.
O outro foi realizado por pesquisadores da Islândia, que utilizaram
dados de 2.261 idosos do país e logo confirmaram os resultados com
mostras representativas da população nos Estados Unidos, Noruega, Países
Baixos e Alemanha.
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- FONTE:
- http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI6303993-EI8147,00-Descoberta+estranha+mutacao+genetica+vinculada+a+Alzheimer.html