Por Márcio Jones
Pão e circo! Como na Roma Antiga, são os
vetores em torno dos quais gira a sociedade hodierna, diz o Bispo
Walter McAlister, em seu livro O fim de uma era. “Não há nada a que se
atribua mais relevância senão necessidades e prazer: primeiro o que vai
encher a minha barriga e depois o que vai me divertir”. E onde entra a
igreja nisto? “Está ela sendo fortemente sugada por um redemoinho de
forças culturais e não tem mais uma âncora para segurá-la. O que vemos
na igreja é uma desorientação profunda. Ela se segura em qualquer coisa
para tentar encontrar sua missão”, prossegue o Bispo.
A igreja de nossos dias, de forma
majoritária, propugna por uma verdadeira emancipação da reforma
protestante, iniciada em 1517 por Martinho Lutero. O objetivo parece ser
a aquisição de total independência por parte dos que assim fazem, a fim
de que possam dar os rumos que bem quiserem às atividades
eclesiásticas. Vemos a inovação interpretativa, a insuficiência das
Escrituras, o abandono da sã teologia, o uso de recursos de marketing, a
luta por poder e legitimidade, tudo isso em total detrimento dos
princípios e postulados, essencialmente bíblicos, deixados como legado
pelos reformadores.
A passos largos caminha a igreja
pós-moderna rumo à promoção do espetáculo mais inovador que faça os
templos se encherem cada vez mais, da estratégia que mais desperte a
atenção do público — sobretudo da juventude — e das mais variadas
soluções de marketing empresarial. Jesus é a logomarca! “Importa antes
ver a igreja cheia! As pessoas estão ‘se convertendo’”, é o que ouvimos e
lemos. Nos EUA, por exemplo, as igrejas chegam até mesmo a promover
enquetes com não-crentes, com o intuito de saber o que gostariam eles de
ver na igreja para que passassem a participar de suas atividades —
quase chegamos a esse ponto! Falta pouco. Penso ser a culturalização do
evangelho, a mundanização da igreja. É picadeiro e não púlpito.
“A igreja hoje tem ânsia por poder e
legitimidade. Logo, quando um conjunto toca uma música, dizem ‘vocês são
tão bons que parecem Os Paralamas do Sucesso’. Ou seja, nossos
parâmetros de comparação estão no mundo. Nossos parâmetros de
importância também são mundanos. Por exemplo: o pastor que realmente tem
uma boa palavra tem de estar na televisão, porque, se não estiver, não
deve ter muita importância. E, de fato, a igreja está se perdendo nessa
sociedade de aparências e correndo atrás daquilo que não é essencial. A
igreja hoje é vítima de si mesma, mas, fundamentalmente, é vítima de sua
ignorância da Palavra, da ignorância de quem ela é e a quê veio, do
porque da sua existência”, arremata McAlister. Afirmo que essas
congregações são verdadeiras sinagogas de satanás. Estão a seu serviço.
“Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado”(NVI)!
É a sentença proferida pelo apóstolo Paulo em Gálatas 1:8.
No verso 6 do mesmo capítulo, o
apóstolo, estupefato, diz: “Admiro-me de que vocês estejam abandonando
tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem
outro evangelho”.
As igrejas da Galácia estavam sendo
seduzidas e enredadas pelos falsos mestres que traziam ensinos
judaizantes. Asseveram que Paulo não era um apóstolo autorizado e que o
homem não poderia ser justificado somente mediante a fé em Cristo Jesus,
mas que ainda devia fiel observância aos ritos cerimoniais da lei de
Moisés (At 15:1,5). Ora, assim quiseram eles tornar a obra de Cristo na
cruz insuficiente e, por essa razão ultrajante, de negação do próprio
Deus da graça, de forma severa e intrépida, Paulo brande a espada do
Espírito contra esses hereges.
Paulo encontra-se perplexo com a atitude
das igrejas cristãs da Galácia. Outrora haviam eles acatado com tanto
entusiasmo o evangelho de Cristo para logo depois abandoná-lo, e passar a
uma outra doutrina, a um outro evangelho, o qual, em verdade, não é
outro. Tão rapidamente apostataram eles da fé, abandonaram o Deus da
graça. O reformador João Calvino, citado pelo Rev. Hernandes Dias Lopes,
denuncia esse mesmo desvio em seus dias, ao escrever: “Os papistas
decidiram conservar um Cristo pelas metades e um Cristo mutilado, e nada
mais, e estão, portanto, separados de Cristo. Estão saturados de
superstições, as quais são frontalmente opostas à natureza de Cristo”.
A carta aos Gálatas é absurdamente
pertinente à realidade que vivemos nos dias de hoje. Encaixa-se como uma
luva no contexto situacional moderno. Traz um tom apologético com
profunda necessidade de ser resgatado, a fim de quebrar o mórbido
silêncio que impera nos templos de nossas congregações. Silêncio esse
oriundo de ministros que zelam mais por sua própria reputação do que
pelo anúncio do verdadeiro evangelho e pelo frontal e declarado combate à
enxurrada de doutrinas heréticas e humanistas, que assolam a igreja
contemporânea. Tais ministros jamais poderão afirmar, como Paulo, que se
buscassem agradar a homens não seriam servos de Cristo (Gl 1:10). “São
pastores que apascentam a si mesmos. Líderes que se servem das pessoas
para erguer um monumento à própria vaidade”, diz o Rev. Hernandes Lopes.
Arvoremos a bandeira do evangelho de
Cristo, dos apóstolos, dos reformadores, dos puritanos. Resgatemos
nossas origens, nossas raízes, pelo Senhor estabelecidas, e nos
lembremos do firme fundamento de nossa fé, o qual é Jesus Cristo (1 Co
3:11).
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Sobre o autor: Protestante reformado. Membro da Igreja Presbiteriana Iawe Nissi. Um vaso de barro a serviço do Reino de Deus e em defesa do Evangelho de Jesus Cristo. Inimigo declarado do movimento evangélico emergente e das doutrinas humanistas e diabólicas. Alguém em defesa da sã doutrina.
Imagem: Igreja neopentecostal em Lakewood Houston-EUA.Sobre o autor: Protestante reformado. Membro da Igreja Presbiteriana Iawe Nissi. Um vaso de barro a serviço do Reino de Deus e em defesa do Evangelho de Jesus Cristo. Inimigo declarado do movimento evangélico emergente e das doutrinas humanistas e diabólicas. Alguém em defesa da sã doutrina.
Fonte: Despertar de um avivamento, via Bereianos
http://www.pulpitocristao.com/tag/neopentecostalismo/