(Michael
Carl) O ataque, realizado por homens armados, foi apenas o primeiro de uma onda
de violência que se espalhou por 12 vilas e deixou mais de 100 mortos no estado
nigeriano de Plateau, região que anteriormente estava fora da área de atuação
do grupo islâmico terrorista Boko Haram e é a terra natal da etnia fula, majoritariamente
islâmica. Apesar disso, o Boko Haram assumiu responsabilidade pelos ataques e
prometeu mais violência.
O
porta-voz americano da Missão Portas Abertas, Jerry Dykstra, alerta que a
recente onda de ataques está rapidamente se transformando em um funesto campo
de batalha religioso, onde o Boko Haram declara que os cristãos devem se
converter... ou morrer.
“A
Nigéria está se transformando em um campo de extermínio para os cristãos.
Centenas deles já foram brutalmente assassinados pelo Boko Haram, incluindo
mulheres e crianças”, explica Dykstra. “Ainda esta semana o grupo afirmou que
todos os cristãos deveriam buscar o islamismo ou ‘nunca teriam paz novamente’.
O objetivo deles é transformar toda a Nigéria em um país governado e dominado
pela lei islâmica da sharia”.
Os
líderes da Igreja de Cristo da Nigéria relatam que todas as igrejas da
denominação foram totalmente queimadas durante a destruição em 12 cidades. O
estado de Plateau é a terra natal dos fulas, grupo nômade e majoritariamente
muçulmano, originalmente apontados pelas autoridades de segurança nigerianas
como responsáveis pelo ataque. Segundo uma reportagem local, o consultor
criminal nigeriano Innocent Chukwuni teria dito que a logística sugere que o
Boko Haram não poderia ter agido sozinho.
“Não
acredito que o Boko Haram teria condições de atacar essas vilas tão de repente.
Não conseguiriam sem apoio e cooperação local”, ponderou Chukwoma, segundo a
reportagem.
O
porta-voz dos fulas negou responsabilidade e não respondeu sobre a possível
aliança com o Boko Haram. A analista da Heritage Foundation na África, Morgan
Roach, não acredita no envolvimento do Boko Haram devido ao histórico de
violência dos fulas.
“Ataques
a povoados cristãos não são novidade no estado de Plateau, uma vez que se sabe
que os fulas já atacaram comunidades cristãs no passado”, sustenta Roach.
Ela
afirma que, como o estado de Plateau é fora do território do Boko Haram, ela
tende a concordar com as autoridades nigerianas. Ela também acredita que as
queimas de igrejas são um desvio dos métodos do grupo terrorista, tipicamente
mais avançados.
“Caso
eles sejam responsáveis, isso seria um desvio das suas táticas anteriores, que
tendem a ser mais sofisticadas”, questiona Roach.
“Acredito
que convém fazer duas perguntas: O Boko Haram está tentando tirar vantagem da
instabilidade de Plateau e se aliar aos fulas? Talvez, mas é preciso mais
provas”, opina. “Se for confirmada a ligação do incidente ao Boko Haram, seria
um caso preocupante para a segurança do país”.
Mas
Michael Rubin, analista de Oriente Médio e Terrorismo do Instituto Empresarial
Americano, diz acreditar que o Boko Haram é responsável pelos ataques.
“Ninguém
iria se surpreender se o campo de ação do Boko Haram estiver se expandindo. Os
jihadistas não podem ser aplacados; são expansionistas”, declara.
Roach
teme pelas consequências caso o Boko Haram esteja realmente avançando sobre
Plateau e sobre o território fula.
“Será que
eles estão buscando expandir sua influência para outras partes do território?
Provavelmente", constata Roach. “Certamente iria ao encontro do seu
objetivo maior de criar um estado muçulmano”.
Dykstra
acredita que a maior prioridade da Nigéria é proteger seus cidadãos cristãos e
reforçar a segurança nacional.
“O
governo nigeriano precisa se posicionar e proteger os fieis cristãos”, defende.
“O Departamento de Estado Americano precisa reconhecer que o que está
acontecendo na Nigéria não é apenas devido à pobreza e à injustiça”.
Dykstra
estava se referindo a uma reportagem da Reuters de 11 de julho sobre um
relatório sobre a Nigéria elaborado pelo Conselho Mundial das Igrejas.
“A
pobreza, a desigualdade e a injustiça estão ameaçando desencadear um conflito
sectário na Nigéria, explicou uma força-tarefa cristã-muçulmana na
quarta-feira”, dizia a Reuters, citando o relatório. “O relatório identificou
dezenas de problemas distintos, cuja resolução poderia contribuir para a paz de
maneira geral”.
Ainda
citando o relatório do CMI, a Reuters prosseguia: “A disparidade de riqueza
entre os estados produtores de petróleo do sul e os países pobres em recursos
do norte é um dos principais fatores para as tensões regionais, como são também
as disputas por terra, como a falta de terra de pasto reconhecida para os pastores
de gado do grupo nômade fula”.
O
relatório também cita o príncipe Bola Ajibola, ex-ministro da justiça, dizendo,
“Na Nigéria, três coisas são entrelaçadas: religião, política e etnia; e as
três são ofuscadas pela corrupção, a pobreza e a insegurança”.
Dykstra
questiona as conclusões do relatório, inclusive a afirmação que joga a culpa em
“missionários bem financiados tanto do islamismo quanto do cristianismo” por
aumentar as tensões.
“É
ridículo”, critica.
Dykstra
ressalta também que os cristãos precisam orar pelos seus irmãos e irmãs
perseguidos. Rubin alerta que terríveis consequências irão se seguir se o
governo da Nigéria não colocar um fim na guerra civil auto-anunciada Boko
Haram.
“Se não
for contra-atacado e derrotado, o Boko Haram pode transformar a Nigéria no
maior estado falido do mundo”, lamenta.
Traduzido por Luis Gustavo
Gentil do artigo do WND: “50 Christians burned to death in pastor's home”
Fonte:
www.juliosevero.com