Crianças que passam tempo demais nas redes sociais podem ter atrofia cerebral

0


A internet e os games estão formando uma geração de crianças com dificuldade para pensar por si próprias. Quem diz isso é a farmacologista e baronesa britânica Susan Greenfield, 61, que dá uma palestra hoje em São Paulo. Susan reconhece que a tecnologia tem efeitos positivos. Mas afirma que ela pode, também, causar atrofia cerebral em crianças que dedicam tempo demais a jogos e redes sociais. (Foto: Pesquisa conduzida nos EUA revela que jovens expostos a games violentos tem atividade cerebral modificada)

Suzan, que também esteve num evento ontem em Porto Alegre, costuma citar dois estudos em defesa das suas ideias. O primeiro, divulgado na publicação científica PLOS One, leva a assinatura de diversos cientistas chineses. Eles acompanharam 18 adolescentes viciados em internet. Examinando seus cérebros, notaram uma série de alterações morfológicas proporcionais ao tempo em que estiveram mergulhados no mundo virtual.

Outro estudo, liderado nos Estados Unidos pela cientista cognitiva Daphne Bavelier, foi publicado na revista Neuron. Seu foco são as mudanças comportamentais trazidas pela contínua exposição à tecnologia. A conclusão é que os videogames e a internet produzem alterações complexas no comportamento das pessoas, e não é fácil determinar o que é bom e o que é ruim nelas. Mas Daphne deixa claro que as mudanças existem e ficam gravadas no cérebro.

Outros cientistas destacam a incerteza apontada nessas pesquisas e criticam o fato de Suzan falar sobre o assunto sem realizar estudos aprofundados sobre ele. Um dos críticos é o britânico Ben Goldacre. Em seu blog, ele aponta que Suzan prefere falar à imprensa e ao parlamento britânico – onde ela ocupa uma cadeira na Câmara dos Lordes – em vez de escrever artigos científicos que seriam revisados e criticados por outros estudiosos.

Suzan respondeu a ele numa entrevista à revista New Scientist dizendo que os cientistas que negam os danos cerebrais causados pelo excesso de exposição à internet são como aqueles que “negavam os malefícios do fumo 20 anos atrás”. Para ela, se formos esperar pelas evidências científicas, será tarde demais para fazer alguma coisa de modo a evitar esses supostos efeitos nocivos.

E a solução, é claro, não é banir a tecnologia, como declarou Suzan à New Scientist: “Só restringir o acesso das crianças à internet não ajuda muito. Em vez disso, eu perguntaria: ‘O que podemos oferecer às crianças que seja ainda mais atraente e recompensador? Devemos planejar um ambiente 3D para elas em vez de colocá-las em frente a um que seja bidimensional.” Exame

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Jovens do Brasil usam mais redes sociais do que adolescentes europeus

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou na terça-feira (2/10) os resultados da primeira pesquisa TIC Kids Online Brasil, que visa levantar dados sobre as oportunidades online e o uso seguro da Internet na faixa etária de 9 a 16 anos.


O estudo aponta que 70% das crianças e adolescentes brasileiros possuem um perfil em alguma rede social, sendo 42% deles usuários de 9 a 10 anos e 83% na faixa etária entre 15 e 16 anos. "Chama atenção o fato do uso das redes sociais no Brasil superar o uso na Europa entre crianças nessa faixa etária, onde atinge 57%", afirma o gerente do CETIC.br, Alexandre Barbosa.

Dentre os participantes ativos das redes sociais, 42% possuem perfis privados, configurado de forma que apenas os amigos consigam visualizá-lo. Outros 31% possuem perfil parcialmente privado, permitindo que amigos de contatos também possam visualizá-lo. Apenas 25% possuem perfis públicos, que podem ser visualizados por qualquer pessoa e 2% desconhecem essa configuração de privacidade.

"Internet com segurança"
Segundo o estudo, 71% dos pais e responsáveis acreditam que seus filhos utilizam a internet de modo seguro. “Embora os pais sejam importantes mediadores das crianças e adolescentes no uso da Internet, os resultados da pesquisa mostram que sua percepção dos riscos no uso da Internet é baixa”, diz Barbosa.

A pesquisa também mostra que 59% dos usuários sabem bloquear mensagens de uma pessoa e 44% declararam ser capaz de bloquear spam. Já em relação a questões mais complexas, 55% disseram saber encontrar informações sobre como usar a Internet com segurança e 41% saberiam comparar diferentes páginas na web, a fim de verificar se as informações são verdadeiras.

Outro indicador demonstra que 23% dos usuários de Internet de 11 a 16 anos já tiveram contato com alguém que não conhecia pessoalmente por meio da rede. Entre os que fizeram esse contato, cerca de um quarto declarou ter se encontrado pessoalmente com esse desconhecido.

Outro dado analisado pelo estudo é a percepção que os pais ou responsáveis possuem da utilização da Internet por seus filhos. Mais de um terço deles (37%) acredita não ser provável que seu filho passe por alguma situação de incômodo ou constrangimento na Internet nos próximos seis meses e 35% acham que os filhos são suficientemente capazes de lidar essas situações, caso ocorram.

Mesmo assim, 22% das crianças e adolescentes entrevistados declarou ter passado por alguma situação de incômodo ou chateação nos últimos 12 meses e praticamente metade (47%) disse que esse tipo de situação aconteceu na Internet.

Usos mais comuns
Além disso, o levantamento aponta que 47% dessas crianças e adolescentes utilizam a Internet todos os dias, ou quase todos os dias, de diversas maneiras. Destaque para o acesso da rede nas escolas (42%), no domicílio (40%), na lanhouse (35%) e pelo celular, que é citado por 18% dos entrevistados.

Dentre as atividades realizadas frequentemente na rede por essa faixa etária estariam em primeiro lugar a realização de trabalhos escolares (82%), seguido pelo acesso a plataformas sociais (68%). Entre as outras atividades citadas estão: assistir vídeos no YouTube (66%), jogar online e usar mensagens instantâneas (54%). Atividades mais complexas ou interativas, como postar conteúdos, estão entre as menos citadas, sendo 40% "postar fotos, vídeos ou músicas", e 24% "escrever mensagem em um site". A proporção de usuários de Internet nessa faixa etária que escreveu em um blog no último mês é de apenas 10%.

Pesquisa
A pesquisa é resultado de um acordo entre o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) e a London School of Economics (LSE) para trazer para o Brasil a metodologia utilizada na pesquisa europeia EU Kids Online e foi conduzida em 25 países da Europa em 2010.

O Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) adaptou o modelo europeu da pesquisa à realidade brasileira, mantendo a comparabilidade com os resultados dos demais países. No total, foram realizadas 1.580 entrevistas com crianças e adolescentes e o mesmo número de pais. Os dados estão disponíveis em www.cetic.br. IDG Now!
 

buttons=(Aceito) days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Leia Mais
Accept !
SUBIR