O bisfenol A (BPA),
substância controversa usada, entre outras coisas, no revestimento interno de
garrafas de plástico e mamadeiras, está associado à feminilização de ratos,
segundo um estudo publicado esta segunda-feira.
A pesquisa, feita por cientistas da Universidade do
Missouri, mostram que os machos de ratos, expostos enquanto fetos à BPA, se comportam
mais como fêmeas, especialmente em suas capacidades para se orientar em seu
entorno.
Esta observação leva os cientistas a concluir
que no homem este componente químico poderia ter efeitos nefastos no
desenvolvimento e nos traços cognitivos próprios de cada sexo, que são
importantes para a reprodução.
"Os ratos da experiência expostos ao BPA - guardadas as
proporções, em quantidades equivalentes absorvidas pelo homem - parecem normais,
mas no entanto são claramente diferentes", explicou Cheryl Rosenfeld, professora
adjunta de ciências biomédicas da escola de medicina veterinária da Universidade
do Missouri e principal autora do estudo.
"As ratas não querem acasalar com os machos
expostos ao BPA e estes últimos têm dificuldades maiores em navegar
espacialmente para encontrar parceiras sexuais", destacou.
Segundo os autores, este estudo deve
estabelecer as bases para futuras pesquisas sobre como o BPA pode afetar
diferentemente os comportamentos de meninos com relação ao das meninas.
A pesquisa foi publicada nos Anais da
Academia americana de Ciências com data de 7 de junho a 1º de julho.
Enquanto a Agência Americana de Alimentos e
Medicamentos notou "inquietações" com relação aos efeitos do BPA e que o Canadá
foi o primeiro país do mundo a classificar este produto como tóxico, a falta de
acordo entre os cientistas quanto aos seus efeitos em animais e seres humanos
persistem.
Da AFP Paris