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A denominacionalização da teologia e as interpretações bíblicas particularizadas tornam-se graves incômodos para a Apologética Cristã.
No
decorrer da História da Teologia cristã podemos reconhecer os desafios
dos primeiros apologistas, não apenas no combate às ameaças de
contaminações da pura doutrina, mas também na busca de preservar os
Fundamentos da Verdade, estabelecidos por Cristo e interpretados pelos
Apóstolos. Isso foi possível devido a alguns motivos importantes que se
tornaram relevantes em cada período da história, entre esses motivos
se destacou a universalidade da interpretação bíblica cujo resultado evitou que se tornasse mais grave a visão particularizada das Escrituras Sagradas.
Em seu livro História da Teologia Cristã (Editora Vida),
o teólogo e historiador Roger Olson (Professor do George W.
Theological Seminary da Baylon Universitary em Waco, Texas)
apresenta-nos um dos grandes exemplos para esse fantástico
comportamento intelectual dos cristãos do 2º e 3º séculos: O africano
Tertuliano de Cartago (150-230 d.C). Convertido aos 40 anos iniciou seu
chamado à defesa da fé, usando suas habilidades e conhecimentos
jurídicos na exposição da Palavra em combate aos pagãos e hereges.
Talvez você logo pergunte: O que de fato descreve Tertuliano como um
autêntico promotor da unidade teológica, visto que o mesmo teve
simpatia pelo montanismo? Eu lhe asseguro: Sua postura em resposta à
heresia de Práxeas que sustentava a existência de um só Senhor, o
Todo-Poderoso, levando esse próprio a morrer na cruz, resultando num
decreto da crucificação do Pai. A forma como Tertuliano respondeu aos
absurdos de Práxeas o tornou o “pai” das doutrinas ortodoxas da
Trindade e da Pessoa de Jesus Cristo. Tertuliano se tornou o primeiro
teólogo cristão a confrontar e rejeitar as heresias que feriam as
verdades acerca das três Pessoas da Trindade, e ao mesmo tempo,
direcionou todos os grandes pensadores e futuros teólogos a um assunto
que mais tarde seria o “pilar” para a unidade teológica das igrejas
cristã em todo o mundo: A identidade eclesial trinitariana.
Mas
o que é a Teologia Denominacionalizada? Que contradição tem essa com a
história da teologia nas pessoas de Tertuliano, Atanásio, Lutero,
Calvino, Zuínglio e outros? Que deficiências e ameaças à fé possui esse
novo tipo de teologia?
O
que proponho aqui chamar de denominacionalização teológica é tornar
visível a espúria visão interpretativa da Bíblia que faz a Teologia
refém da esfera denominacional de grupos e seguimentos religiosos, cuja
aplicação das Escrituras tende a causar confusões doutrinárias e
constantes injeções de costumes e hábitos particulares e pessoais. É a
manifestação da “eisegese” na contramão do poder exegético deixado
pelos grandes teólogos. A Teologia Denominacionalizada é aquela que
impõe o que aparentemente parece princípio bíblico, mas na verdade se
trata de um Evangelho superficial e enganoso diante da secularização e
das influências do neoteísmo. É a falsa teologia que escraviza o
indivíduo, humilha, desvirtua, e tende a laicizar a Verdade, afastando
pessoas de Deus.
Como surgiu essa Denominacionalização da Teologia?
São
diversos os fatores que contribuíram para isso, mas os principais
foram a apatia por parte de nossas Igrejas Históricas na reação em meio
às turbulências “evangelicais” nos vários momentos da cristandade, e a
negligência do pentecostalismo para com o ensino teológico (no
passado) onde vê-se notório sua ênfase as experiências espirituais como
prioridade para uma vida consagrada a Deus. Esse último, como erro,
resultou no surgimento opaco do neopentecostalismo que cada vez mais se
afasta da ortodoxia e do padrão bíblico doutrinário, se tornando de
fato “celeiro de hereges”.
Outro
fator ressaltado para a Denominacionalização da Teologia é falta de
zelo no ensino teológico, que tratado de forma equivocada por grupos
sem tradição acadêmica, resulta tragicamente na propagação de conceitos
anti-bíblicos e extra-teológicos, simplesmente para poder manter erros
denominacionais condenados por Deus, rejeitando a interpretação
bíblica fiel cultivada pelos mestres cristãos primitivos. Isso sem
falar no liberalismo teológico que esfriou e “matou” igrejas na Europa e
em parte dos Estados Unidos, e agora no Brasil, de forma sutil, invade
mentes e corações dos incautos.
O
fenômeno da teologia denominacionalizada só é perceptível a partir do
momento que nos engajamos na insinuante tarefa da Apologética ativa,
cuja missão superior é oferecer a resposta racional da fé cristã. A
Denominacionalização da Teologia e as interpretações bíblicas
particularizadas tornam-se graves incômodos para a Apologética. Isso
sempre que colocamos em evidência os quatro postulados da Reforma, Sola Gratia, Solo Christus, Sola Fide e Sola Scriptura – diante
da poluição bíblica em massa que nos rodeia. Conseguimos então
entender que Deus nos chamou não apenas para uma ampla apresentação e
pregação da Verdade cristológica externa, mas para no âmago da esfera
cristã manter viva a chama da unidade teológica, herança de
reformadores como Lutero, Calvino, Zuínglio e Knox, cuja manifestação
expressa exaltou verdades bíblicas que hoje revelam o sustentáculo de
nossa fé.
A
Teologia não pode ser denominacionalizada! Sendo assim ela destrói a
mensagem da cruz, tomando a direção contrária ao IDE de Jesus, como
assistimos visivelmente por parte dos milhares pregadores no meio
evangélico, que insistem em ministrar aos crentes os sermões
pleonásticos na “mesmice” da busca de um poder que não tem efeito
missionário.
A
Teologia não pode ser denominacionalizada! Pois se assim for ignorará
cada vez mais a linha de mensagem que leva o crente ao crescimento e a
maturidade espiritual.
A
Teologia verdadeira é aquela que liberta o homem pelo Conhecimento da
Palavra de Deus, mediante a aliança no sangue de Jesus uma vez
derramado, possibilitando vidas à experiências verdadeiras com o
Espírito Santo, capacitando-as ao entendimento da Verdade em Cristo.
Littera scripta manet!
Por Alex Belmonte
Fonte: [ NAPEC ]