Existe um tipo de calma que se manifesta em meio à fúria do temporal. Vamos navegando tranqüilamente; Ele está conosco no barco, ao chegarmos ao meio do lago, longe da terra, sob a escuridão da noite, de repente levanta-se uma furiosa tempestade. A terra e o inferno parecem estar aliados contra nós, e cada onda parece que vai tragar-nos. Mas ali Ele desperta do Seu sono e repreende as ondas; Sua mão levantada traz bênção e repouso sobre a ira dos elementos em tumulto.
E a sua voz faz-se ouvir acima do silvo dos ventos que crispam as águas: "Cala-te, aquieta-te". — Você não a está ouvindo? Segue-se depois uma grande bonança. "Se ele aquietar..."
Existe uma calma que está presente, mesmo quando não sentimos consolações. Algumas vezes Ele retira de nós esses sentimentos, porque começamos a dar-lhes muito valor. Somos tentados a olhar para o gozo, para os êxtases, para os transportes e visões, com uma atenção um tanto especial. Então Ele, por nos amar muito, os afasta de nós . Mas por Sua graça, nos leva a distinguir entre os sentimentos e Ele mesmo. Chega-Se a nós e nos assegura de Sua presença. E uma grande calma nos vem guardar o coração e a mente. "Se ele aquietar, quem então inquietará?"
"Se Ele aquietar", quem pois inquietará?
Vem aquietar minha alma, Salvador.
Tu vês que o vento é forte, e estou tentado;
As águas cercam-me de todo lado,
E sinto aperto; sinto angústia e dor.
Vem aquietar minha alma, Salvador.
Quero-Te ouvir a voz em meio aos ventos,
E em paz descansarei;
Tu que foste tentado, estás comigo;
Tu que sofreste dor és meu abrigo;
E inda que as águas rujam e se perturbem,
Ou que se abalem montes, e se mudem,
Ouvindo a Tua voz, não temerei.
Sei que estás perto, e embora eu não o sinta
Quando as rajadas úmidas me atingem,
Tu o prometeste — isso me bastará.
Tua Palavra traz-me segurança.
Na tempestade, em Ti gozo bonança.
Se Ele aquietar, quem pois inquietará?
DO LIVRO: Mananciais no Deserto