Toxina é produzida por fungos que surgem entre a colheita e a secagem dos grãos
O Café Jardim apresentou o pior resultado. Segundo a análise, ele tinha quase o triplo do limite permitido para uma toxina que pode causar tumores em ratos e em humanos, a ocratoxina A. A substância, formada por fungos que aparecem na produção do café, também traz risco aos rins. O limite máximo tolerado é de 10 microgramas da toxina por quilo. No café Jardim, foram detectados 27,03 por quilo.
De acordo com Fernanda Ribeiro, técnica da Proteste responsável pela avaliação, esta foi a primeira vez que o levantamento detectou substância cancerígena em excesso — outras três análises já foram feitas. Ela afirma que, para evitar o problema, é preciso controle rígido após a colheita do grão.
“O momento mais crítico é entre a
colheita e a secagem. É preciso fazer o manejo correto, reduzindo o
tempo de exposição do grão a micro-organismos. Assim, é possível
minimizar o crescimento do fungo”.
Além do problema com a ocratoxina A, 11 marcas
apresentaram quantidade de fragmentos de inseto acima do tolerado pela
Anvisa (60 fragmentos a cada 25g de café). Fernanda lembra que os
fragmentos não oferecem risco à saúde, mas mostram que os fabricantes
não adotaram as práticas de higiene necessárias. “Não são insetos
considerados vetores de doenças, mas aqueles inofensivos, como
carunchinhos, que ficam dentro do grão. É possível evitar o excesso de
fragmentos com cuidado na elaboração do café”, aponta.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que recebeu o relatório da Proteste. Mas avisou que só vai se manifestar após analisar o documento.
Duas marcas foram bem avaliadas
O levantamento analisou as marcas 3
Corações; Bom Jesus; Caboclo; Café Brasileiro; Café do Ponto; Fort;
Jardim; Maratá; Melitta; Pelé; Pilão; Pimpinela; Qualitá e Seleto. Os
mais bem avaliados foram Melitta e Qualitá.
O fabricante do Jardim afirmou que
desconhece a pesquisa. Caso problemas sejam constatados, a empresa
recolherá lote. Já a D.E Master Blenders, dona das marcas Pilão, Caboclo
e Café do Ponto, alegou que segue as recomendações da Anvisa.
O Grupo 3 Corações, dono das marcas 3
Corações, Pimpinela e Fort, não se manifestou sobre o caso. O Café Bom
Jesus afirmou que não foi notificado pela Proteste. Procuradas, as
marcas Café Brasileiro, Seleto, 3 Corações e Maratá não se pronunciaram
sobre o assunto.