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O ex-prefeito de São Paulo, que foi chamado de "Mr. Kickback" – ou "Sr.
Propina", na tradução livre– em uma campanha mundial contra corrupção,
lançada nesta terça-feira (2) pela organização não governamental suíça
Transparência Internacional, afirmou que fica até "envaidecido de estar
importunando uma entidade europeia."
"De uma certa maneira, eu fico até envaidecido de estar importunando uma
ONG na Europa. Eu pensava que só importunava picaretas brasileiros, mas
agora eu vejo que importuno picareta da Suíça", disse.
De acordo com ele, membros da organização suíça estariam sendo
processados por "coisas indecorosas". Os ex-prefeito de São Paulo
participou nesta quarta-feira (3) de carreata pelas ruas de Itaquera, na
zona leste da capital paulista.
"Eu recebi uma informação de que dois diretores deles estão sendo
processados por coisas indecorosas. Eu não me incomodo com isso",
afirmou Maluf, que disse também ficar "envaidecido" de ver seu "trabalho
dar coceira em pessoas que vivem na Europa".
Na campanha intitulada "Desmascare a Corrupção", que tem como objetivo
pressionar o governo suíço a mudar a legislação sobre sigilo bancário no
país, Maluf é acusado de ter desviado US$344 milhões (ou o equivalente a
R$ 770 milhões) durante seu mandato como prefeito de São Paulo
(1993-1997). O ex-prefeito sempre negou as acusações de corrupção.
ANIVERSÁRIO
No dia em que o parlamentar completa 83 anos, um carro de som com o
logotipo "Loucuras de Amor" o esperava no ponto de encontro para o
início da carreata. Na sua chegada, foi tocada a música "Parabéns da
Xuxa". Um cantor também o recepcionou com felicitações. Às 16h, Maluf
será entrevistado pela TV Folha, que estreia programação fixa ao vivo
nesta quarta-feira.
Na carreata, o deputado federal acenou e mandou beijos para eleitores
que caminhavam na rua. O trajeto de cerca de duas horas ocorreu sob um
dos jingles mais famosos de suas campanhas eleitorais: "São Paulo é
Paulo, porque Paulo é trabalhador", diz o refrão.
Alguns eleitores, entretanto, estranharam a campanha de rua. "Ele não
estava sendo processado pela Interpol? Ele está aí e ninguém acha ele?",
indagou o publicitário Alexandre Mota, 48 anos, que passava pela região
no momento da carreta.
HITLER
O candidato à reeleição disse que irá recorrer ao Tribunal Superior
Eleitoral contra a impugnação de sua candidatura. De acordo com ele, não
há dúvida de que a Justiça Eleitoral manterá sua candidatura.
"Decisão da Justiça a gente cumpre. Mas foi 4 a 3, houve uma divisão.
Nós vamos recorrer e já há jurisprudência sobre esse assunto", afirmou.
Por 4 votos a 3, venceu o entendimento de que a condenação de Maluf no
caso de superfaturamento na construção do túnel Ayrton Senna, quando ele
era prefeito de São Paulo, o enquadra no artigo da Ficha Limpa que
trata da inelegibilidade por improbidade administrativa.
Depois de ser comparada pelo PT aos ex-presidentes Jânio Quadros e
Fernando Collor, Maluf disse que o discurso da presidenciável Marina
Silva (PSB) lembra o de presidentes do regime militar, como Ernesto
Geisel e Emílio Médici.
"Dizer que vai governar sozinha? Quem sabe [Adolf] Hitler, [Benito]
Mussolini ou [Joseph] Stalin poderiam falar isso. Aqui, com a mídia
livre, não pode acontecer", disse, ressaltando que não vê condições
administrativas e politicas para que ela governe.
O ex-prefeito de São Paulo também elogiou a presidente Dilma Rousseff e
disse que admira o PT porque tornou-se um partido de "centro para
centro-direita".
"Eu me sinto comunista perto do PT de hoje", afirmou.
Como presente de aniversário, ele disse que deseja que o Brasil volte a
crescer 10% ao ano. Na semana passada, o IBGE anunciou que o PIB
brasileiro caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três
primeiros meses deste ano.
TESÃO
O ex-prefeito de São Paulo não quis se alongar em comentários sobre
declaração do candidato do PMDB ao governo paulista, Paulo Skaf, de que o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) não tem "tesão" para governar.
Perguntado se aos 83 anos teria "tesão" para mais um mandato, fez
piada.
"Não vou comentar, mas não preciso, aos 83 anos, de certos instrumentos
que muitos jovens fazem uso hoje em dia", finalizou, entre risos.
Gustavo Uribe
Folha de S. Paulo
Editado por Folha Política