Por Guilherme Arêas
Corrigida às 20h12
O extermínio de cães no município de Bicas, a 40 quilômetros de Juiz de Fora, está mobilizando a população local, de pouco mais de 13 mil habitantes. Em um período de um mês e meio, segundo a Secretaria de Meio Ambiente da cidade, foram quase 80 animais mortos após comerem alimentos envenenados. As ações criminosas, que antes restringiam-se aos cachorros de rua, estão vitimando também os domésticos. Em um único dia, o caminhão de lixo da Prefeitura teria recolhido 18 animais mortos. A Polícia Militar registrou dezenas de boletins de ocorrência, mas até agora nenhum suspeito foi localizado. A própria população conseguiu apreender pães que continham um líquido rosa em seu interior, provavelmente o veneno, jogados a animais de rua. Também há relatos de moradores que viram cachorros morrerem após comer um bolo de carne moída recheado com um produto branco. Outras formas de envenenamento estão sendo analisadas.
(A população de Bicas é de 13.653 habitantes, conforme o último censo do IBGE de 2010, e não de cem mil, como foi informado anteriormente)
"Os animais morrem em, no máximo, 20 minutos", diz a fundadora e presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Bicas, Eliane Cristina Schettino Coelho. "Sensibilizados, vários moradores estão atuando como olheiros, principalmente durante as madrugadas, na tentativa de identificar o criminoso. No domingo retrasado, houve uma matança absurda. Peguei algumas injeções e saí aplicando nos cachorros atacados. Alguns eu consegui salvar; a maioria, não", conta Eliane. Segundo ela, a população biquense está mobilizada com os casos, que têm ocorrido com mais frequência durante os finais de semana. "O programa 'Boca no trombone', da Rádio Nossa FM, está dedicando atenção especial ao assunto. Vários ouvintes ligam chorando, pois perderam seus animais. Uma mãe enviou uma carta à rádio relatando que o filho adoeceu depois que mataram o cachorro da família."
Nas redes sociais, a mobilização também ganha força. Na página no Facebook "Direito dos animais", a imagem dos pães envenenados e de um cão morto no meio da rua foi compartilhada por mais de 17 mil pessoas em pouco mais de 18 horas. A família do fotógrafo Ricardo Rossi foi uma das afetadas pelos ataques. O vira-lata do cunhado dele morreu na última sexta-feira. "Ele estava na varanda de casa, quando alguém passou e jogou alguma coisa para ele comer. Ele morreu na hora. Era um cachorro que estava há dez anos com a família."
Força-tarefa
Uma espécie de força-tarefa está sendo montada por vários órgãos para tentar identificar o(s) autor(es). A Polícia Civil recolheu os alimentos contaminados, que serão encaminhados para perícia em Juiz de Fora ou em Belo Horizonte. O delegado Sérgio Lana abriu inquérito para investigar o caso e já ouviu cinco donos de animais mortos. Nenhuma informação, no entanto, aponta características do suspeito. "Pelo grande número de casos, é impossível que ninguém tenha visto." A autoridade policial pede que qualquer informação seja passada à Polícia Civil, mesmo que de forma anônima pelo 181 (Disque-Denúncia Unificado - DDU). O laudo técnico da perícia deverá apontar que tipo de substância foi adicionada aos alimentos usados na matança.
A vereadora Beth Gouvêa (PSDB), que está acompanhando o caso de perto, lembra que há cerca de 12 anos, a cidade registrou o extermínio de 120 animais em uma única noite. "Foram dois dias após uma passeata do dia de São Francisco de Assis (comemorado em 4 de outubro). Há cerca de quatro anos tivemos um episódio parecido. Mas, desta vez, o autor desses ataques está desafiando a polícia, o Ministério Público e a Sociedade Protetora dos Animais, pois essas mortes já vêm ocorrendo desde antes do carnaval."
A promotora de Justiça Flávia Maria Carpanez de Mello também está investigando o caso, mas preferiu não passar informações sobre o andamento dos trabalhos. Conforme a secretária municipal de Meio Ambiente de Bicas, Marina de Jesus Afonso, uma reunião na próxima quarta-feira deve orientar os novos rumos do caso. "Precisamos da união de várias forças. A Polícia Militar registrou praticamente um BO para cada morte, mas o culpado ainda não foi encontrado." A lei 9.605/98 prevê detenção e multa a quem maltrata animais. O tempo de prisão pode passar de um ano no caso da morte dos bichos.
http://www.tribunademinas.com.br
O extermínio de cães no município de Bicas, a 40 quilômetros de Juiz de Fora, está mobilizando a população local, de pouco mais de 13 mil habitantes. Em um período de um mês e meio, segundo a Secretaria de Meio Ambiente da cidade, foram quase 80 animais mortos após comerem alimentos envenenados. As ações criminosas, que antes restringiam-se aos cachorros de rua, estão vitimando também os domésticos. Em um único dia, o caminhão de lixo da Prefeitura teria recolhido 18 animais mortos. A Polícia Militar registrou dezenas de boletins de ocorrência, mas até agora nenhum suspeito foi localizado. A própria população conseguiu apreender pães que continham um líquido rosa em seu interior, provavelmente o veneno, jogados a animais de rua. Também há relatos de moradores que viram cachorros morrerem após comer um bolo de carne moída recheado com um produto branco. Outras formas de envenenamento estão sendo analisadas.
(A população de Bicas é de 13.653 habitantes, conforme o último censo do IBGE de 2010, e não de cem mil, como foi informado anteriormente)
"Os animais morrem em, no máximo, 20 minutos", diz a fundadora e presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Bicas, Eliane Cristina Schettino Coelho. "Sensibilizados, vários moradores estão atuando como olheiros, principalmente durante as madrugadas, na tentativa de identificar o criminoso. No domingo retrasado, houve uma matança absurda. Peguei algumas injeções e saí aplicando nos cachorros atacados. Alguns eu consegui salvar; a maioria, não", conta Eliane. Segundo ela, a população biquense está mobilizada com os casos, que têm ocorrido com mais frequência durante os finais de semana. "O programa 'Boca no trombone', da Rádio Nossa FM, está dedicando atenção especial ao assunto. Vários ouvintes ligam chorando, pois perderam seus animais. Uma mãe enviou uma carta à rádio relatando que o filho adoeceu depois que mataram o cachorro da família."
Nas redes sociais, a mobilização também ganha força. Na página no Facebook "Direito dos animais", a imagem dos pães envenenados e de um cão morto no meio da rua foi compartilhada por mais de 17 mil pessoas em pouco mais de 18 horas. A família do fotógrafo Ricardo Rossi foi uma das afetadas pelos ataques. O vira-lata do cunhado dele morreu na última sexta-feira. "Ele estava na varanda de casa, quando alguém passou e jogou alguma coisa para ele comer. Ele morreu na hora. Era um cachorro que estava há dez anos com a família."
Força-tarefa
Uma espécie de força-tarefa está sendo montada por vários órgãos para tentar identificar o(s) autor(es). A Polícia Civil recolheu os alimentos contaminados, que serão encaminhados para perícia em Juiz de Fora ou em Belo Horizonte. O delegado Sérgio Lana abriu inquérito para investigar o caso e já ouviu cinco donos de animais mortos. Nenhuma informação, no entanto, aponta características do suspeito. "Pelo grande número de casos, é impossível que ninguém tenha visto." A autoridade policial pede que qualquer informação seja passada à Polícia Civil, mesmo que de forma anônima pelo 181 (Disque-Denúncia Unificado - DDU). O laudo técnico da perícia deverá apontar que tipo de substância foi adicionada aos alimentos usados na matança.
A vereadora Beth Gouvêa (PSDB), que está acompanhando o caso de perto, lembra que há cerca de 12 anos, a cidade registrou o extermínio de 120 animais em uma única noite. "Foram dois dias após uma passeata do dia de São Francisco de Assis (comemorado em 4 de outubro). Há cerca de quatro anos tivemos um episódio parecido. Mas, desta vez, o autor desses ataques está desafiando a polícia, o Ministério Público e a Sociedade Protetora dos Animais, pois essas mortes já vêm ocorrendo desde antes do carnaval."
A promotora de Justiça Flávia Maria Carpanez de Mello também está investigando o caso, mas preferiu não passar informações sobre o andamento dos trabalhos. Conforme a secretária municipal de Meio Ambiente de Bicas, Marina de Jesus Afonso, uma reunião na próxima quarta-feira deve orientar os novos rumos do caso. "Precisamos da união de várias forças. A Polícia Militar registrou praticamente um BO para cada morte, mas o culpado ainda não foi encontrado." A lei 9.605/98 prevê detenção e multa a quem maltrata animais. O tempo de prisão pode passar de um ano no caso da morte dos bichos.
http://www.tribunademinas.com.br