Em oito dias, três tragédias aéreas mataram 464 pessoas

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Número é maior que o total de mortes na aviação comercial do ano passado.
Entidade defende que 'voar é seguro' e historiador vê 'coincidência'.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
Nesta sexta-feira, o presidente da França, François Hollande, afirmou que não há sobreviventes no acidente do avião da Air Algérie que caiu no Mali. Desde a última quinta-feira (17), uma sequência de três tragédias com aviões resultou em 464 pessoas mortas em apenas oito dias.
Air Algérie
O avião modelo McDonnell Doulgas MD-83 caiu 50 minutos após a decolagem em Uagadugu, capital de Burkina Faso, na quinta-feira (24). Destroços foram localizados em Mali.
Mortes: 118
24/7 - Equipe de resgate trabalha em meio aos destroços do avião da TransAsia Airways e das casas que ele atingiu em Penghu, Taiwan (Foto: Reuters/Stringer)
TransAsia Airways
Avião turboélice se destroçou na pista de um aeroporto na ilha de Penghu, em Taiwan, ao tentar fazer um pouso de emergência na quarta-feira (23).
Mortes: 48

Equipes de resgate trabalham em meio aos destroços da queda do voo MH17 nesta sexta-feira (18) perto de Shaktarsk, no leste da Ucrânia  (Foto: Dominique Faget/AFP)
Malaysia Airlines
O voo MH17 saiu de Amsterdam com destino a Kuala Lampur. Caiu na Ucrânia, perto da fronteira russa. Suspeita-se que o Boeing 777 foi abatido por um míssil de rebeldes separatistas.
Mortes: 298

Dados da Organização Internacional de Aviação Civil (Icao) mostram que essas 464 vítimas já superam o total de mortes na aviação comercial em cada um dos três anos anteriores. Em 2013 foram 173 mortes em 90 acidentes; em 2012, 388 mortos em 99 quedas e, em 2011, 372 mortos em 118 casos.
Já em 2010, segundo a Icao, foram 626 mortos em 104 acidentes e, em 2009, 655 vítimas em 102 casos.
O Icao, que trabalha pela segurança aérea global, afirma que houve redução do número de acidentes pelo mundo nos últimos cinco anos. Em 2013, a taxa ficou em 2,8 acidentes a cada um milhão de partidas comerciais.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) afirma que, apesar dos últimos acidentes, "voar continua sendo seguro". "A maior prioridade de todas as empresas é segurança", ressalta o órgão. Segundo a Iata, o caso do Boeing abatido na Ucrânia foi "um crime" e um "ataque contra o sistema de transporte áereo, que é um instrumento para a paz".

"Foi uma semana muito triste para todos que trabalham envolvidos com aviação", acrescentou a organização.
Pelos dados da associação, o ano de 2013 fechou com 210 mortes envolvendo a aviação de transporte de passageiros. Segundo o órgão, a média anual vítimas no setor, nos últimos 5 anos, é de 517 mortes.
O Escritório de Arquivos de Acidentes Aéreos (B3A), organização civil internacional com sede em Genebra e que computa dados de tragédias da aviação desde 1918, afirma que neste ano já houve 68 acidentes aéreos, com 991 vítimas no total – incluindo todos os tipos de aeronave, e não só comerciais. Em 2013, o órgão havia registrado 137 colisões e 453 mortes.
O ano em que houve mais vítimas de acidentes de avião, segundo o B3A, é 1972 – quando morreram 3.344 passageiros e tripulantes.

'Coincidência'
“Não há como dizer que esta foi a pior semana da aviação comercial, já houve outras semelhantes. Não está caindo avião. O que coincidiu é que, nesta semana, dois caíram e um foi abatido ao sobrevoar uma área de guerra”, afirma o historiador Ivan San'tana, autor de livros sobre as maiores tragédias aéreas brasileiras.

San'tana afirma que o pior dia para a aviação civil foi, "sem dúvida", 11 de setembro de 2001, quando morreram 2.996 pessoas devido à queda de quatro aeronaves nos Estados Unidos – duas delas se chocaram contra as torres do World Trade Center, em Nova York.
"Mas foi um ataque terrorista”, relembra ele. “O número de acidentes aumenta porque o tráfego aéreo cresce. Mas o número de mortos anual vem diminuindo”, afirma.
Outras grandes tragédias
Em 27 de março de 1977, 583 pessoas morrreram após a colisão de um Boeing da KLM com um avião da Pan Am no Aeroporto de Los Rodeos, na Ilha de Tenerife, no Arquipélago das Canárias (Espanha). O episódio ficou conhecido como “o desastre de Tenerife” e provocou mudanças na tecnologia da aviação.
Já em agosto de 1985, 509 passageiros e mais tripulantes morreram a bordo de um Boeing 747 da Japan Airlines que sofreu descompressão e caiu em uma montanha perto de Tóquio.
Em março deste ano, outro Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, que seguia de Kuala Lampur para Pequim, desapareceu em uma área fora da sua rota original, enquanto sobrevoava o Oceano Índico. No voo MH370 iam 239 pessoas a bordo. O paradeiro da aeronave ainda é um mistério.
Air France, Airbus, acidente, tragédia (Foto: AFP) 
Aibus da Air France caiu no Oceano Atlântico em
2009 deixando 228 mortos (Foto: AFP)
No Brasil
As três maiores tragédias da aviação brasileira deixaram, 581 mortos no total.

Em 1º de junho de 2009, um Airbus A-330 da Air France que fazia o voo AF447 na rota Rio de Janeiro-Paris perdeu sustentação e caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Relatório da investigação apontou que o copiloto adotou um procedimento equivocado após não entender o que ocorria devido ao congelamento do pitot (sensor de velocidade) em altitude elevada.
Acidente da TAM em Congonhas em 2007 (Foto: Aquivo G1) 
Airbus da TAM colidiu contra prédio da companhia
no aeroporto de Congonhas, em São Paulo
(Foto: Aquivo G1)
Dois anos antes, em julho de 2007, outro Airbus, dessa vez da TAM, procedente de Porto Alegre (RS), varou a pista ao pousar no aeroporto de Congonhas (SP) colidindo com um galpão da companhia do outro lado de uma avenida. Houve 199 mortos e 13 feridos.

Já em setembro de 2006, um Boeing da companhia aérea Gol que fazia o voo 1907 colidiu com um jato Legacy que estava com o sensor de localização desligado e caiu em um trecho de mata fechada no norte do Mato Grosso. Todas as 154 pessoas que estavam a bordo do Boeing morreram.

G1

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