Pedaços!

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"PEDAÇO"
(Paulo Queiroz)


Sendo pequeno, sou pedaço de quase tudo
inserido no meio do quase nada...
Pedaço infantil de um velho que não descansou
e que ainda é uma criança.
Serei pedaço de gente, com alma abatida,
mas parte de vida plena vivida...
Um pedaço de água caída dos olhos,
de saudade jogada no vento, ao léu.
Uma fração de alguém que ninguém revelou ao amor
e nem a nada.
Uma poção de magia suprimida pelo sortilégio inominado,
do  nocivo mas finito.
Um fragmento de coisa qualquer,
cujo valor se incalcula ou pouco vale...
Sou a fatia-maior do erro somado
e cunhado numa placa que não se funde...
E no espelho vejo um pedaço de silêncio
que se agiganta ao som dos dias...
Uma parte minorada de alma afugentada,
tangida para o fundo da noite escura.
E como parte pequena de uma notícia não lida,
reservo-me ao acaso, e calo...
Sinto-me pedaço de engano, mentira ardente
enfiada no âmago... vergonha...
E cubro-me com um resto de lençol pequeno,
pedaço desfeito de história insana.
Sou minúscula parte de desgoto lançado no fogo,
na chama que nunca se apaga...
Pedaço de coisa qualquer, de música muda,
quando as cordas se partem...
Pedaço de você, de alguém, de visagem, de escuridão,
e de dor...
Apenas um pedaço eu sei que sou,
mas também sou um tamanho imenso de esperança...
Um enorme pedaço de amor...

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